
Capa da revista The Economist compara Bolsonaro ao ‘Viking do Capitólio’
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De chifres, pele de urso e rosto pintado, Jake Angeli ficou conhecido como “Viking do Capitólio” ao se juntar a milhares de apoiadores de Donald Trump e invadir o Congresso dos EUA em 2021, na tentativa de barrar a vitória de Joe Biden. Sua imagem voltou aos holofotes após a The Economist comparar a cena a Jair Bolsonaro, retratado na capa da revista com adereços semelhantes, dias antes de seu julgamento por tentativa de golpe. A publicação chamou o Brasil de “lição de democracia” para os Estados Unidos.
O que aconteceu com o ‘Viking do Capitólio’?
Preso e condenado a 41 meses de prisão em 2021 após um acordo judicial em setembro, Jake Angeli ou Jacob Chansley se declarou culpado e cumpriu parte da pena em solitária, segundo o El País.
Dois anos depois, passou ao regime aberto em um centro de reintegração no Arizona. Em janeiro de 2025, foi perdoado por Donald Trump em um indulto coletivo que beneficiou mais de 1.500 condenados pela invasão.
Ao comemorar o perdão, escreveu nas redes: “Fui perdoado, bebê. Agora vou comprar umas armas”. A frase simbolizou como a anistia reforçou grupos de extrema direita, como os Proud Boys, e aumentou o temor de fortalecimento da violência política nos EUA. Chansley também se identifica com o movimento MAGA (“Make America Great Again”), lema criado por Donald Trump e que virou bandeira de um extremismo nacionalista nos EUA.
‘Viking’ do Capitólio comemora perdão presidencial de Trump a invasores do 6 de Janeiro em postagem na rede social X
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Ator e seguidor de teorias conspiratórias do grupo QAnon, Jake Angeli dizia que suas vestes lhe davam “forças do xamanismo”. Suas tatuagens, com símbolos nórdicos, reforçavam a imagem que fez dele uma figurinha carimbada em protestos pró-Trump. Durante a invasão ao capitólio, ele chegou a sentar-se na cadeira da presidência do Senado.
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Bolsonaro como ‘Trump dos trópicos’
Com a manchete intitulada “O que o Brasil pode ensinar para a América”, a reportagem da revista britânica The Economist ressalta que, prestes a ser julgado por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro encarna a figura do “Trump dos trópicos”.
Jair Bolsonaro na capa da revista britânica ‘The Economist’
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As ações da família Bolsonaro nos Estados Unidos também tiveram impacto direto nas comparações bilaterais: o governo Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, em medidas vistas como gesto de apoio ao ex-presidente.
Para a publicação, enquanto os EUA perdoam e soltam extremistas, o Brasil dá sinais de maturidade democrática ao levar seu ex-presidente ao banco dos réus.
A revista ainda chama o ex-presidente brasileiro de “polarizador” e diz que Bolsonaro e “seus aliados provavelmente serão considerados culpados” pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A “The Economist” ainda afirma que “o golpe fracassou por incompetência, e não por intenção”.
“Isso torna o Brasil um caso de teste para a recuperação de países de uma febre populista”, diz a reportagem, enumerando exemplos de outros países como os EUA, Reino Unido e Polônia.