
Artista faleceu na segunda (26), aos 63 anos, após mais de cinco meses internado em decorrência de uma agressão sofrida durante uma briga de trânsito. Sambista Paulo Onça é velado em Manaus
Karla Melo/Rede Amazônica
Com emoção e homenagens, familiares, amigos e fãs se despedem nesta terça-feira (27) do sambista Paulo Juvêncio de Melo Israel, o Paulo Onça, em velório realizado na quadra da escola de samba Vitória Régia, no bairro Praça 14 de Janeiro, em Manaus. O artista, um dos nomes mais importantes do samba amazonense, faleceu na segunda (26), aos 63 anos, após mais de cinco meses internado em decorrência de uma agressão sofrida durante uma briga de trânsito.
Com uma carreira marcada por grandes parcerias e composições de destaque, Paulo Onça teve músicas gravadas por nomes consagrados como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Alcione e Exaltasamba. Também assinou sambas para escolas do Rio de Janeiro e do Amazonas, consolidando-se como uma referência nacional no gênero.
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Durante a cerimônia desta terça (27), o sambista será homenageado por amigos, familiares e representantes da cultura local. O Boi Garantido, associação folclórica para a qual Onça compôs importantes toadas como “Caboclo Perreché”, “Boi de Deus” e “Chegou a Hora”, também prestará tributo ao artista.
Por volta das 13h, uma roda de samba formada por amigos de Paulo Onça vai entoar sucessos da carreira do compositor. Após a homenagem, o cortejo deve sair do local e fazer uma parada na quadra da escola de samba Reino Unido da Liberdade, antes de seguir par o Cemitério São João Batista.
Entre os presentes no velório, a sambista Alessandra Vieira, do grupo “Samba com as Moças”, destacou a relevância de Paulo Onça para a música amazonense:
“Infelizmente, fomos surpreendidos com a partida do mestre Paulo Onça. Um artista que é referência não só para nós sambistas, mas para todos os músicos e compositores do Amazonas”, disse.
O cantor e compositor Joubert Balbino, do grupo Ases do Pagode, também prestou homenagem durante a cerimônia.
“Calou-se o samba, calou-se Paulo Onça. Obrigado, amigo, por ter feito tudo pelo nosso samba, por nos representar em todo o país. Vá em paz. Que Deus conforte sua família. Você vai fazer falta, mas seu legado ficará eternizado na nossa memória e em tudo o que você fez pelo samba. Muito obrigado, meu amigo Onça. Fica com Deus”, declarou.
O início do cortejo de Paulo Onça ocorre ainda nesta terça (27), às 15h, e contará com uma parada na quadra da Escola de Samba Reino Unido, no Morro da Liberdade. Logo em seguida, segue para o cemitério São João Batista onde será realizado o sepultamento do compositor.
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Trajetória
Paulo Onça, sambista amazonense, ao lado de ícones do samba
Reprodução/Redes sociais
Natural de Manaus, Paulo Onça iniciou sua trajetória musical aos 16 anos. Em 1990, destacou-se na Escola de Samba Vitória Régia com o samba “Nem Verde e Nem Rosa”, que levou a agremiação ao título e se transformou em um hino do carnaval local.
Sua carreira ganhou projeção nacional em 1998, quando compôs, ao lado de Quinho e Mestre Louro, o samba-enredo do Salgueiro sobre Parintins, que conquistou o 7º lugar no Carnaval do Rio de Janeiro.
Em 2017, foi um dos compositores do samba da Grande Rio em homenagem à cantora Ivete Sangalo, ao lado de Kaká, Alan Vasconcelos, Dinho Artigliri, Rubem Gordinho e Marco Moreno.
Amigo pessoal de Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, Paulo Onça recebeu apoio dos artistas durante sua trajetória no Rio. Suas músicas foram gravadas por diversos intérpretes e se tornaram clássicos do samba brasileiro.
Agressão após acidente
O filho do compositor, Paulo Sávio, relatou ao g1, na época, que houve uma colisão entre o veículo dirigido pelo pai com o de outro motorista. Ambos discutiram e o compositor foi agredido na região da cabeça até desacordar. O agressor fugiu do local sem prestar socorro.
Paulo Onça foi conduzido para um hospital, onde passou por cirurgia e permaneceu internado.
Em um vídeo, obtido pela Rede Amazônica, mostrou que o carro do compositor passou no sinal fechado e colidiu com o veículo do comerciante.
O comerciante Adeilson Duque Fonseca foi preso em 7 de dezembro do passado e continua detido desde então.
Com a morte de Paulo Onça, o advogado da vítima, Ezequiel Leandro, informou que o caso deve deixar de ser tratado como tentativa e passar a ser julgado como homicídio qualificado. O Ministério Público deve apresentar um aditamento à denúncia.
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