
Relatório preliminar feito pela Agência de Inteligência de Defesa, do Pentágono, avalia que os bombardeios atrasaram o programa nuclear do Irã em apenas alguns meses, não em anos, como os governos dos Estados Unidos e de Israel vêm afirmando. EUA e Irã travam guerra de versões sobre danos provocados por ataque americano a instalações nucleares iranianas
Reprodução/TV Globo
Os Estados Unidos estão em guerra. Mas, agora, é uma guerra de versões dentro do próprio governo. A divergência é sobre os efeitos concretos do ataque a instalações nucleares do Irã.
O presidente americano repetiu nesta quarta-feira (25) que as instalações sofreram danos devastadores. É a versão que Donald Trump ainda sustenta um dia depois de a imprensa americana divulgar informações de um relatório preliminar do próprio governo, feito pela Agência de Inteligência de Defesa, do Pentágono. No sábado (21), os Estados Unidos atingiram três usinas nucleares do Irã. O documento confidencial diz que os bombardeios bloquearam as entradas de duas instalações, entre elas, Fordow. Mas os ataques não foram suficientes para destruir as estruturas subterrâneas, que eram o foco das operações.
Nesta quarta-feira (25), na cúpula de líderes da Otan, na Holanda, Trump disse que o relatório é inconclusivo e mandou uma mensagem para a Inteligência de Defesa:
“Eu diria para emitir o relatório quando souberem o que aconteceu”.
Trump ainda falou em uma reunião com representantes do Irã na semana que vem. Desde o bombardeio americano, as maiores autoridades do governo resumem o resultado da operação a uma palavra: obliteração. Ou seja, destruição completa. Mas, segundo o relatório, as centrífugas usadas para enriquecimento de urânio estariam praticamente intactas. O documento avalia que os bombardeios atrasaram o programa nuclear do Irã em apenas alguns meses, não em anos, como os governos dos Estados Unidos e de Israel vêm afirmando.
A Casa Branca ainda sustenta que os maiores danos às instalações nucleares ocorreram bem abaixo do nível do solo. A inteligência americana aponta que grande parte do estoque de urânio enriquecido pelo Irã teria sido transferida para outras instalações antes dos ataques dos Estados Unidos.
Em Viena, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, Rafael Grossi, afirmou que a transferência pode ter acontecido. Ele disse que, depois dos primeiros ataques israelenses, o Irã informou que tomaria medidas para proteger seus materiais e equipamentos nucleares. Grossi pediu que o Irã permita uma vistoria nas instalações.
Em entrevista à rede de televisão Al Jazeera, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã admitiu:
“Nossas instalações nucleares foram muito danificadas, com certeza”.
Também nesta quarta-feira (25), o Parlamento do país aprovou uma lei para suspender a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica.
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