
Ventos úmidos do mar mantêm temperaturas baixas e favorecem a formação de neblina no Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Temporais continuam no Norte e no litoral do Nordeste. Amanhecer em Ponta Grossa (RS) com neblina no dia 1º de julho.
Sérgio Eglin Batista
Com o afastamento da massa de ar polar que deixou boa parte do país com temperaturas muito baixas na última semana, o esperado seria a entrada de um ar quente vindo da Amazônia e, consequentemente, temperaturas mais altas em áreas do Centro-Sul.
No entanto, esse ar quente não avançou. E sem ele, o frio continua em várias regiões, alimentado por ventos úmidos que sopram do mar e ajudam a manter as temperaturas mais baixas.
“Sem essa mudança, sem os ‘ventos do norte’ e sem bloqueios na atmosfera, o caminho ficou livre para novas frentes frias avançarem pelo oceano”, explica Allef Matos, meteorologista da Climatempo.
💨ENTENDA: Os ventos do norte são ventos que sopram do norte para o sul, trazendo calor e tempo seco para a região. Como eles não chegaram, o frio continuou, e os ventos úmidos do mar têm mantido o tempo fresco.
E são justamente essas frentes que trazem massas de ar mais frio que continuam empurrando o calor para longe e reforçando o tempo ameno no Sul, Sudeste e até em partes do Centro-Oeste.
“Apesar de não ser uma nova onda de frio, o ar que predomina ainda é suficiente para manter as tardes frescas e as madrugadas geladas”, acrescenta Allef.
Por isso, de modo geral, o frio deve continuar firme ao longo desta semana em cidades do Sudeste e do sul de Mato Grosso do Sul, com mínimas abaixo dos 10 °C. Nas áreas de serra do Sul, as temperaturas podem chegar perto de 0 °C nas manhãs.
Em São Paulo (SP), as mínimas devem ficar entre 10 °C e 12 °C, com máximas entre 20 °C e 23 °C. Já Porto Alegre (RS) registra mínimas entre 7 °C e 10 °C ao longo desta seamana e máximas entre 15 °C e 18 °C.
No Rio de Janeiro (RJ), as temperaturas variam entre 11 °C e 13 °C nas madrugadas e sobem para 24 °C a 25 °C durante o dia.
🌫️ No Sul e Sudeste, essa umidade trazida pelos ventos do mar também deve favorecer a formação de nevoeiros nas primeiras horas do dia, o que pode reduzir a visibilidade e causar atrasos e cancelamentos de voos em aeroportos da região.
Com isso, nos próximos dias, a formação de neblina ao amanhecer deve ser comum em praticamente todo o Sul do país, no centro-leste de São Paulo (incluindo a capital paulista), além do Rio de Janeiro, Espírito Santo e partes de Minas Gerais.
⚠️ No Rio Grande do Sul, os nevoeiros podem persistir por mais tempo, atrapalhando a visibilidade e impactando voos nos aeroportos.
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🌧️Chuva se concentra no Norte e no litoral do Nordeste
Com a permanência do ar frio e a ausência de sistemas que favoreçam a formação de nuvens carregadas, o tempo segue seco em praticamente todo o Centro-Sul. Mesmo com a passagem de frentes frias pelo oceano, elas não devem provocar chuva significativa no continente.
As exceções ficam por conta do extremo norte do país, onde há previsão de pancadas isoladas, especialmente em Roraima e no norte do Amazonas, e no litoral leste do Nordeste, entre a Bahia e Alagoas.
Nessa faixa, o tempo segue mais instável, com possibilidade de chuva a qualquer hora do dia. Em alguns pontos, a chuva pode vir com mais intensidade, acompanhada de trovoadas.
Já no Centro-Oeste, o tempo continua firme, com sol predominando nos três estados e no Distrito Federal. As temperaturas começam a subir um pouco mais, mas o friozinho ainda pode aparecer nas manhãs, especialmente no sul e sudoeste do Mato Grosso do Sul.
⚠️ Alerta para a baixa umidade: à tarde, os níveis de umidade do ar podem ficar abaixo dos 30% em áreas de Goiás, Mato Grosso e na metade norte e oeste do Mato Grosso do Sul.
Em regiões como o norte de Mato Grosso, noroeste de Goiás e o sul do Pará, os valores podem cair para menos de 20%, o que exige atenção redobrada com a hidratação e a saúde respiratória.
🚨Risco de alagamentos e deslizamentos de terra
Devido às fortes chuvas previstas para os próximos dias, principalmente na Região Norte, o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu um alerta para o risco de alagamentos.
No Amazonas, o perigo maior está na Bacia dos Rios Negro e Solimões, onde já vem sendo registrada uma cheia gradual. A situação preocupa especialmente nas áreas ribeirinhas das regiões de Manaus e Parintins, onde o nível dos rios atingiu altas marcas.
O Cemaden considera moderado o risco de eventos como inundações nessas áreas, mas destaca a importância de atenção redobrada da população e das autoridades locais.
Possibilidade de ocorrência de alagamentos ou inundações nesta terça-feira (08).
Cemaden
Os avisos do Cemaden se dividem em duas categorias: risco hidrológico e risco geológico. Enquanto os hidrológicos englobam eventos como alagamentos urbanos e inundações de pequenos córregos, por exemplo, os geológicos se referem a deslizamentos de terras e quedas de barreiras.
🚨Os alertas para cada risco podem ser de três níveis:
Moderado: quando não se descarta a possibilidade do fenômeno alertado e, caso ocorra, é previsto um impacto moderado para a população.
Alto: a probabilidade de ocorrência do desastre é alta, assim como seu potencial impacto. Nesse cenário, recomendam-se ações como verificação das áreas de risco e acionamento dos órgãos locais de apoio.
Muito alto: existe alta probabilidade de ocorrência do fenômeno, com chances de grande impacto para a população. Há a recomendação para acionamento do sistema de sirenes, possibilidade de desocupação das áreas de risco e deslocamento de equipes para atendimento nas áreas de risco.
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