
Marcos Dantas, professor aposentado da UFRJ, afirmou que não teve intenção de ameaçar a filha de Roberto Justus e classificou sua fala como uma ironia histórica. A filha de Roberto Justus, Vicky, de 5 anos, aparece segurando uma bolsa avaliada em R$ 14 mil em uma postagem da família
Reprodução redes sociais
O professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcos Dantas, pediu desculpas pelo comentário contra Roberto Justos e sua família, nesta terça-feira (8). Mais cedo, a própria universidade já havia repudiado a atitude do professor.
Em uma rede social, ele escreveu “só a guilhotina…”, em uma publicação que ironizava a foto da família Justus. O professor alegou que o comentário foi uma metáfora e não uma ameaça à família do empresário Roberto Justus.
O comentário do professor surgiu como resposta a uma postagem de uma foto da família Justus com o seguinte comentário: “os bolcheviques estavam certos”. O comentário não foi feito na publicação da família e sim em um outro perfil que repostou a imagem.
Na foto, a filha de Roberto Justus, de 5 anos, aparece segurando uma bolsa avaliada em R$ 14 mil. Marcos escreveu: “Só a guilhotina…”, em possível referência à Revolução Francesa, onde o artefato era utilizado para executar inimigos da revolução (entenda o contexto histórico na reportagem).
Segundo Dantas, a expressão foi usada como uma referência simbólica à Revolução Francesa e à desigualdade social, e não teve qualquer intenção de incitar violência.
“Era para ser, e continua sendo, uma simples metáfora, aliás volta e meia empregada por alguém no X (ex-Twitter). Uma referência simbólica a um evento dramático, mesmo trágico, que marcou para sempre a história da humanidade: a Revolução Francesa”, escreveu o professor.
UFRJ repudia fala de professor que sugeriu uso de guilhotina contra filha de Roberto Justus
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Na nota, ele afirmou que respondeu a uma postagem com “humor negro” e que a frase foi usada em outro contexto, relacionado à violência urbana no Rio de Janeiro. Dantas também declarou que não conhece Justus nem seus familiares.
“Nem de longe, em momento algum, passou pela minha cabeça fazer qualquer ameaça ao senhor ou à sua família. Isso seria um absurdo (…) Aos 77 anos, dos quais 55 dedicados à profissão jornalística, jamais me permitiria tal desatino”, completou.
O professor ainda pediu desculpas caso o comentário tenha causado transtornos à família.
“Se por descontroláveis fatores das redes sociais o post chegou-lhe causando-lhe transtornos e compreensíveis preocupações, peço sinceramente que me desculpe”, disse o professor.
A filha de Roberto Justus, Vicky, de 5 anos, aparece segurando uma bolsa avaliada em R$ 14 mil em uma postagem da família
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Revolta da família Justus
O casal Roberto Justus e Ana Paula Siebert Justus, pais da criança, expressaram profunda indignação com os ataques que sofreram nas redes por conta da postagem.
“Falaram que tinham que matar a nossa filha, na guilhotina. Matar a nossa família”, revelou Justus.
Ana Paula também questionou a gravidade do comentário e informou que vai buscar a Justiça para se defender.
“Instigar a morte e o ódio é inaceitável. E se a gente assinar embaixo que a internet é a ‘terra de ninguém’, que todo mundo pode falar o que quer, não é assim que funciona. Se a crítica é boba, tudo bem, cada um tem a sua opinião. Mas instigar a morte de alguém?”, disse Ana Paula.
“A gente nunca ligou para críticas, que são muito poucas, mas dessa vez nós vamos atrás dos nossos direitos. Não vamos aceitar ameaças para a nossa família”, afirmou o empresário.
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Ana Paula também disse que não pretende deixar de compartilhar momentos da família por medo de ataques.
“Deixar de mostrar a minha família por medo, seria como viver em uma prisão invisível. O certo não pode ser silenciado e nem escondido pelo errado. Precisamos buscar proteção na lei, na Justiça, ir atrás, porque viver com liberdade e tranquilos (e não com medo) é essencial em qualquer lugar do mundo”, comentou.
A mãe de Vicky ainda afirmou que a filha não foi informada sobre o ocorrido.
“Não, jamais. A Vicky é uma criança e não precisa ser exposta e nem teria capacidade de entender. Espero que ela cresça em um mundo melhor”, completou Ana Paula.
Resumo da confusão
A polêmica começou após um post compartilhado pelo casal Roberto Justus e Ana Paula Siebert viralizar nas redes sociais devido a um acessório utilizado pela filha do casal. A menina apareceu com uma bolsa Fendi avaliada em cerca de R$ 14 mil, tornando-se rapidamente assunto nas redes.
Vários perfis que comentam a vida de pessoas famosas compartilharam a imagem. Um perfil batizado como @_Stalinsp comentou em uma dessas publicações secundárias com a foto da família. Ele escreveu: “os bolcheviques estavam certos”.
Foi nesse contexto que o professor Marcos Dantas Loureiro, que se apresenta nas redes como Professor Titular da ECO-UFRJ e líder do ComMarx–Grupo Marxiano de Pesquisa em Informação, Comunicação e Cultura, respondeu à foto com a frase: “Só a guilhotina…”.
O comentário do professor, que teria sido apagado na sequência, fez alusão à forma mais comum de execução na Revolução Francesa. O casal Justus justificou a foto, explicando que faz parte do trabalho da mãe, como influenciadora, mostrar o cotidiano nas redes sociais.
Bolcheviques e as revoluções
Os bolcheviques eram um grupo revolucionário marxista, liderado por Vladimir Lênin, que defendia a derrubada do regime czarista e a instauração de uma ditadura do proletariado na Rússia. Em outubro de 1917, eles tomaram o poder e iniciaram profundas transformações políticas, econômicas e sociais, que culminariam na criação da União Soviética.
Após a revolução, os bolcheviques confiscaram terras, propriedades e empresas privadas da nobreza e da burguesia. Famílias aristocráticas e ricas foram perseguidas, exiladas ou até executadas, sendo o caso mais simbólico o assassinato do czar Nicolau II e sua família.
Divisão da esquerda surgiu com a Revolução Russa
O objetivo era eliminar as desigualdades sociais extremas, abolindo a propriedade privada dos meios de produção e promovendo a coletivização, segundo a ideologia marxista.
O sentido atual da frase “os bolcheviques estavam certos” é visto muitas vezes como um meme ou uma crítica mais dura a desigualdade social.
A frase “os bolcheviques estavam certos” diante de uma família rica pode ser vista como uma ironia, sugerindo que uma solução radical, violenta e revolucionária (como a bolchevique) seria “justificável” diante de injustiças sociais persistentes.
A citação também é vista como uma posição política de esquerda, que enxerga a riqueza acumulada como fruto de exploração ou privilégio sistêmico.
Já a “guilhotina”, termo usado pelo professor, se tornou um dos símbolos mais marcantes da Revolução Francesa (1789–1799), sendo amplamente utilizada durante o chamado “Período do Terror”, entre 1793 e 1794.
Nesse contexto, milhares de pessoas — incluindo nobres, clérigos e até revolucionários — foram executadas publicamente como forma de eliminar inimigos do novo regime e consolidar a república. O instrumento passou a representar, historicamente, a radicalização da luta contra a desigualdade e os privilégios da aristocracia.