TCE aponta irregularidades em obras em São Gonçalo do Amarante com financiamento internacional


Programa tinha investimento previsto de 42 milhões de dólares. TCE apontou problemas em obras no pontilhão do Breu e em estrada do Coqueiral. Sede do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN)
Bruno Rocha/Inter TV Cabugi
O Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN) identificou irregularidades no programa de obras de São Gonçalo do Amarante, cidade na Região Metropolitana de Natal, que era financiado em parceira com um fundo internacional e tinha investimento de 42 milhões de dólares.
Segundo o TCE, a gestão do programa apresentou falhas significativas no controle e na execução dos investimentos, “ainda que tenha demonstrado alguns pontos positivos em relação aos controles adotados pela unidade de execução do programa”.
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O Programa de Ações Estruturantes de São Gonçalo do Amarante (PAES) é financiado por meio de um empréstimo junto ao Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata, com contrapartida da Prefeitura.
Do total previsto de investimento, 34 milhões de dólares são do fundo internacional e 8,5 milhões de dólares da prefeitura.
“No entanto, enquanto quase a totalidade dos recursos do fundo já havia sido repassada (96,5%), a contrapartida municipal estava muito aquém do esperado, com apenas 59% executados. O descompasso no aporte de recursos revela um desequilíbrio na execução financeira do programa”, citou o TCE.
A gestão finaceira do programa, segundo o TCE, estava sob responsabilidade do ex-prefeito Eraldo Paiva. A Inter TV Cabugi procurou o ex-gestor, mas não recebeu uma resposta oficial até a atualização mais recente desta reportagem.
A atual gestão citou que recebeu com preocupação o relatório, mas informou ter ciência dos fatos “já que as investigações do TCE tomaram como base denúncias encaminhadas pela administração”.
A prefeitura informou ainda que a Procuradoria-Geral do Município está adotando as medidas cabíveis para a responsabilização judicial dos envolvidos , colaborando com os órgãos de controle e fiscalização, “assegurando que todos os atos sejam apurados com o devido rigor e dentro dos parâmetros legais”.
‘Fragilidade nos controles internos’
Segundo o TCE, entre os principais problemas encontrados pelos auditores, está a fragilidade nos controles internos da prefeitura, “que não possui processos claros para garantir o cumprimento das cláusulas contratuais nem para avaliar a regularidade da documentação de pagamento”.
Essa ausência de procedimentos eficazes, segundo o TCE, aumenta o risco de erros e até de fraudes.
O TCE informou que notificou o fundo para que ele tome ciência das falhas e avalie as medidas cabíveis.
Pontilhão e Estrada do Coqueiral
Dois casos específicos de obras foram destacados no relatório do TCE.
O primeiro é em relação à construção de um pontilhão na comunidade do Breu, que foi executado em local diferente do previsto originalmente, sem justificativas técnicas, sem licenciamento ambiental e sem autorização dos órgãos competentes, apontou o Tribunal de Contas do Estado.
A obra, orçada em R$ 904.150,60, foi considerada inelegível para financiamento com recursos do programa.
O TCE informou que vai apurar, em processo autônomo, as responsabilidades pela execução indevida.
O segundo caso é referente à obra de requalificação da Estrada do Coqueiral, que está paralisada. O Tribunal determinou que a prefeitura resolva os entraves ambientais e decida pela retomada ou rescisão do contrato, além de responsabilizar os agentes públicos ou privados pela paralisação.
O relatório também determina que a atual secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e coordenadora da UEP, Juseni Tavares da Costa, implemente as recomendações apontadas.
O TCE informou que segue no acompanhamento do caso e não descarta a abertura de novos processos para aprofundar a investigação sobre as irregularidades nas obras mencionadas.
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