
Quaest: Lula lidera em todos os cenários de 1º turno e empataria só com Tarcísio em eventual 2º turno
A nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (16) e nesta quinta-feira (17), com a avaliação do governo Lula (PT), a opinião dos brasileiros sobre a tarifa de Trump e projeções para as eleições de 2026 traz recados para o presidente e para a oposição.
O levantamento mostra uma melhora na popularidade do governo, que Lula lidera todos os cenários de 1º turno em 2026 e que venceria do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e todos os outros adversários em eventual 2º turno, exceto do governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com quem empataria.
A pesquisa aponta ainda um efeito negativo para Bolsonaro e para Tarcísio da taxa de 50% anunciada por Donald Trump contra o Brasil. A Quaest também mostra que Bolsonaro, mesmo inelegível, continua sendo o nome mais forte da direita para ir a um eventual 2º turno com Lula.
O que a pesquisa diz para Lula?
📈Melhora na popularidade
Os dados mostram que a aprovação de Lula, que vinha em queda desde janeiro, e a reprovação, que vinha em alta desde outubro, mudaram de direção:
43% aprovam Lula, uma oscilação positiva de 3 pontos percentuais em relação a junho.
53% desaprovam Lula, uma oscilação para baixo de 4 pontos, no limite da margem de erro.
🔍Recuperação fora da base petista
Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a recuperação aconteceu entre os eleitores moderados e que estão fora da base de apoio tradicional do governo Lula.
No Sudeste, a desaprovação caiu oito pontos, para 56%, e aprovação subiu oito pontos, para 40% (a margem de erro é de três pontos nesse segmento).
Entre quem tem ensino superior, houve queda de 11 pontos na desaprovação, para 53%, e alta de 12 pontos na aprovação, para 45% (margem de quatro pontos).
Entre os que ganham de dois e cinco salários mínimos (R$ 3 mil e R$ 7.590) por mês, houve oscilação positiva de quatro pontos na aprovação, para 52%, e negativa de quatro pontos na desaprovação, para 43% (margem de três pontos).
🇺🇸 Tarifaço de Trump ajudou Lula
Para o diretor da Quaest, o tarifaço anunciado por Trump contra o Brasil empurrou o eleitor de centro para o colo de Lula. Veja os números:
72% dos brasileiros acham Trump está errado ao impor o tarifaço ao Brasil por acreditar que há uma perseguição política a Bolsonaro, e 79% acham que as tarifas vão prejudicar a vida.
Entre os eleitores que dizem não ter posicionamento político, 77% acham que Trump errou.
O percentual é menor, mas ainda alto, entre os que se dizem de direita (52%) e mesmo entre os bolsonaristas (48%).
Maior parte defende que Lula está se saindo melhor que Bolsonaro (44% a 29%) ao lidar com a crise com Trump.
❓E a economia?
Ainda de acordo com Nunes, ao analisar os números, é possível ver que a percepção sobre a economia teve um efeito menor sobre a popularidade de Lula.
A parcela dos que acham que a economia piorou oscilou dois pontos para baixo, para 46%.
21% apontaram melhora, uma oscilação de três pontos para cima.
“A economia parece ter um papel coadjuvante na melhora da popularidade do governo. Embora a economia continue ‘despiorando’, já que menos gente acredita que o cenário piorou, a variação entre maio e julho é pequena demais para produzir algum efeito significativo”, disse Felipe Nunes.
💲Taxação dos mais ricos
A campanha do governo Lula para defender a tributação dos mais ricos também teve pouco efeito na melhora da avaliação de Lula, segundo Nunes.
60% da população é a favor de aumentar a taxa de Imposto de Renda (IR) para os mais ricos.
Entretanto, menos da metade (43%) dos brasileiros ficou sabendo da campanha do governo para defender essa tributação.
Metade dos brasileiros (53%) é contra o discurso que coloca ricos contra pobres.
“O governo saiu de coadjuvante para protagonista na pauta pública nacional. Depois de conseguir pautar uma parte da sociedade, a ala mais petista, na taxação dos super-ricos, agora, conseguiu pautar os setores médios, menos ideológicos e mais informados, com uma agenda que unificou a esquerda e dividiu a direita”, afirmou o diretor da Quaest.
🗳️ Lula na eleição de 2026
Segundo a Quaest, Lula aparece à frente em todos os cenários testados para o 1º turno de 2026. Seu desempenho varia entre 30% e 32%, enquanto os principais nomes da oposição aparecem com pontuações mais baixas, com Bolsonaro (26%) sendo o mais competitivo. Veja os cenários detalhados mais abaixo.
O levantamento mostra ainda que Lula descolou de Bolsonaro e dos outros nomes pesquisados em eventual 2º turno, exceto do governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com quem empataria no limite da margem de erro. Na pesquisa anterior, divulgada em junho, Lula empatava em eventual 2º turno com Bolsonaro, Tarcísio, Ratinho Jr., Michelle e Eduardo Leite.
A pesquisa desta semana mostra que a maioria dos entrevistados ainda é contra a candidatura de Lula, mas o índice inverteu a tendência e caiu, de 66% para 58%. Segundo o diretor da Quaest, o fôlego que Lula ganhou veio de sua base.
90% dos lulistas/petistas defendem a candidatura de Lula;
72% da esquerda não petista defende a candidatura à reeleição;
28% do eleitor moderado de centro faz a mesma defesa.
Lula em 14 de julho de 2024
Evaristo Sa/AFP
🗳️ Menor rejeição que a de Bolsonaro
Ao comparar as possiblidades entre Lula continuar na Presidência e a de Bolsonaro voltar, o atual presidente tem leve vantagem. O medo de que Bolsonaro volte ao poder atinge 44% dos entrevistados, contra 41% que temem a permanência de Lula. É empate técnico, mas numericamente favorável ao presidente.
O que a pesquisa diz para a oposição?
🇺🇸 Baque do tarifaço
Segundo o diretor da Quaest, a vinculação ao tarifaço promovido por Trump contra o Brasil prejudicou o desempenho eleitoral de Bolsonaro, de Tarcísio e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Bolsonaro passou a perder de Lula em eventual 2º turno na eleição de 2026. Na pesquisa anterior, o ex-presidente e o atual estavam numericamente empatados, com 41% cada. Agora, Lula abriu 6 pontos de vantagem (43% a 37%).
Tarcísio viu a vantagem do petista sair de 1 para 4 pontos. Na pesquisa desta semana, o governador de SP é o único a empatar com Lula, no limite da margem de erro.
Michelle, que estava empatada com o presidente em maio, agora perde por sete pontos (43% x 36%).
Eduardo Bolsonaro (PL), que tem atuado nos EUA em favor de sanções contra o Brasil, melhorou entre bolsonaristas, mas não a ponto de crescer. Ele seguiu no mesmo patamar, e continuaria perdendo em eventual 2º turno. Lula manteve vantagem confortável em um eventual segundo turno contra ele: 43% a 33%.
Março/2020 – O presidente dos EUA Donald Trump e o presidente Jair Bolsonaro são vistos durante um jantar no Mar a Lago, em Palm Beach, Flórida, Estados Unidos, em 07 de março de 2020
Alan Santos/Presidência via AFP
🗳️ Bolsonaro lidera na direita
Mesmo inelegível, Bolsonaro é o nome mais forte da oposição e aparece com 26% das intenções de voto para ir a um eventual 2ª turno com Lula (32%). O ex-presidente é seguido por Michelle (30% de Lula contra 19%), Tarcísio (32% contra 15%) e Eduardo Bolsonaro (31% contra 15%).
🗳️ Tarcísio empata com Lula
A pesquisa mostra que, em um eventual 2º turno, o governador de SP, Tarcísio de Freitas, é o único adversário que continua empatando com Lula, no limite da margem de erro. Na pesquisa anterior, Tarcísio e Lula tinham diferença de apenas 1 ponto. Agora, o governador oscilou negativamente e aparece 4 pontos atrás.
🗳️ Tarcísio e Michelle preferidos da direita
Tarcísio e Michelle Bolsonaro seguem tecnicamente empatados como alternativas a Jair Bolsonaro como candidatos da direita em 2026.
Tarcísio aparece com 15%. Na pesquisa anterior, ele tinha 17%.
Michelle tem 13%. Antes, ela aparecia com 16%.
Ratinho Júnior (PSD) aparece em 3º lugar, com 9%, e está empatado tecnicamente com Michelle.
Eduardo Bolsonaro (PL) oscilou 4 pontos para cima e chegou a 8%. Ele empata com Ratinho Júnior e Pablo Marçal (PRTB), também com 8% (antes tinha 11%).
🗳️ Bolsonaro cresce só entre bolsonaristas
O apoio à manutenção de uma candidatura de Bolsonaro cresceu apenas entre seus eleitores fiéis, e foi de 58% para 69%. Entre a direita não bolsonarista, a maioria (52%) ainda prefere que ele desista. Entre os eleitores de centro, apenas 17% querem sua permanência em eventual disputa.
🗳️ Eduardo cresce entre os bolsonaristas raiz
Para o diretor da Quaest, o filho do ex-presidente está tomando espaço de Michelle Bolsonaro entre os bolsonaristas. “Foi a Michelle quem mais perdeu torcida bolsonarista nesse período”, disse Nunes.
Nesse segmento, o apoio de Eduardo Bolsonaro foi de 10% para 22% quando os entrevistados foram perguntados sobre quem Bolsonaro deveria apoiar. A torcida bolsonarista para Michelle passou de 44% para 33%.
A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 10 a 14 de julho. Foram ouvidas 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em 120 municípios do país. O nível de confiança é de 95%.