Amigos falam sobre estudantes da UFPA mortos em acidente na BR-153: ‘sentia uma urgência de mudar e lutar pelos nossos direitos’


Como eram as vítimas de acidente: Amigos e famílias falam sobre a perda
A Universidade Federal do Pará (UFPA) tem amanhecido silenciosa nos últimos dias. O luto tomou conta da comunidade acadêmica após a morte de três estudantes em um acidente de trânsito, na BR-153, envolvendo um comboio que seguia para um congresso em Goiânia, Goiás.
Ana Letícia Araújo, Leandro Dias e Welfesom Alves eram estudantes da instituição e estavam entre os passageiros do ônibus que se envolveu na tragédia. O veículo colidiu de frente com uma carreta, cinco pessoas morreram.
Os três embarcaram em uma viagem movida por sonhos e expectativas acadêmicas, mas tiveram suas vidas interrompidas de forma precoce, causando comoção entre colegas, professores e familiares
Estudantes da UFPA vítimas do acidente em Goiás
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Leandro cursava Farmácia e era conhecido pelo jeito calmo e atencioso. O jovem deixa um vazio não apenas na sala de aula, mas também no coração de quem sonhava junto com ele.
“Ele era muito bondoso, uma pessoa que sabia conversar muito bem. Ele sentia uma necessidade, uma urgência de mudar, de lutar pelos nossos direitos, o direito dos estudantes em geral”, disse Rebeca Coelho, amiga de Leandro.
Ana Letícia, estudante de Pedagogia, era conhecida pela energia contagiante, pela fé e pelo amor à educação. A amiga Melissa Virgínia conta que a amizade com “Aninha”, como era carinhosamente chamada, começou após um esbarrão pelos corredores da universidade.
“O coração deu aquela apertada de ter perdido uma amiga muito importante e devido a todas as coisas que a gente já tinha vivido, eu sabia que para ela era muito importante estar ali. Eu tenho certeza que ela deixou muitas lembranças pelo fato de ser muito carismática e muito forte”, relembra emocionada.
Welfesom escolheu ver o mundo pelas lentes e usava a comunicação como forma de dar visibilidade ao que muitos ignoravam. Estudante dedicado e engajado, ele acreditava no poder da informação para transformar realidades. Ativo no movimento estudantil, tornou-se uma referência entre os colegas e um amigo para todas as horas.
“É muito difícil não se inspirar no Welfesom, porque ele respirava a luta. Para ele não tinha meio-termo, o que era certo, era certo, o que era errado, era errado. Está fazendo muita falta, e com certeza vai passar muito sem que a gente não consiga pensar no nome Welfesom e não sinta tristeza, não sinta saudade”, diz o amigo Vinícius Caynã.
Os corpos das vítimas estão previstos para chegar em Belém na manhã desta sexta-feira (18). A previsão é que cheguem a capital paraense às 12h30, na Base Área de Belém. Uma homenagem póstuma será feita pela Universidade a partir das 13h.
“A pedido dos familiares, a cerimônia de despedida dos estudantes será realizada no Auditório Setorial Básico do Campus Guamá [Belém]. A cerimônia de despedida do motorista da UFPA será no Campus da UFPA em Altamira, no Auditório Petroni Gurardelli”, informou a instituição.
O acidente
A colisão entre o micro-ônibus e a carreta, ocorreu na madrugada da quarta-feira (16), no km 2 da rodovia BR-153, em Porangatu, norte de Goiás.
Acidente na BR-153 em Goiás
Arte g1
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o acidente envolveu dois dos quatro ônibus que transportavam cerca de 140 estudantes da UFPA. Eles seguiam para Goiânia, onde participariam do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Universidade Federal de Goiás.
Além dos estudantes, o motorista do micro-ônibus, Ademilson Militão, do campus da UFPA em Altamira e o motorista da carreta, também morreram no acidente.
A UFPA publicou notas de pesar e decretou luto oficial. Nas redes sociais, cursos e centros acadêmicos prestaram homenagens aos estudantes, que agora seguem sendo lembrados não só pelos laços criados em sala de aula, mas pelo impacto que deixaram na vida de quem os conheceu.
Um comitê de atendimento às famílias está sendo feito por uma equipe de psicólogos e assistentes sociais, na sala dos professores, no térreo do Mirante do Rio, no campus básico I da UFPA, em Belém, com prioridade para acompanhar a situação das vítimas e informar aos familiares.
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