Há 18 anos, passageira sobrevivia ao maior acidente aéreo do país após ter conexão para Cuiabá alterada; relembre


Há 18 anos, passageira sobrevivia ao maior acidente aéreo do país após ter conexão para Cuiabá
Há 18 anos, a cuiabana Sônia Regina Guimarães viveu um episódio que marcou para sempre sua vida. Por causa de uma alteração de última hora em sua conexão, de São Paulo para Brasília , ela deixou de embarcar no voo 3054 da TAM, que viria a protagonizar uma das maiores tragédias da aviação brasileira.
Esta matéria faz parte da série de reportagens do g1 em comemoração aos 60 anos da Rede Mato-grossense de Comunicação (RMC), que relembra grandes coberturas realizadas pela TV Centro América.
Na última quinta-feira (17), o acidente completou 18 anos e o g1 conversou novamente com Sônia, que relembrou aquele dia, e o desconforto inexplicável que sentia antes da viagem. Ela contou que ainda tentou remarcar sua passagem para São Paulo, onde faria a conexão para Porto Alegre, mas não conseguiu.
“Lembro que eu insisti, entrei na fila da TAM e o rapaz que estava na minha frente conseguiu comprar ainda uma passagem para aquele voo e na hora que eu fui comprar uma passagem, já não tinha mais, já tinha esgotado” detalhou.
O Airbus A320, que havia decolado de Porto Alegre (RS), não conseguiu frear após o pouso no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), e se chocou contra um prédio da própria companhia aérea. O acidente deixou 199 mortos, entre passageiros, tripulantes e pessoas em solo.
Ao retornar a Cuiabá, a época do acidente Sônia relatou o ocorrido à equipe da TV Centro América. Emocionada, contou que a mudança de conexão aconteceu instantes antes do embarque. Já em Brasília, soube do acidente.
Sônia estava em Brasília quando soube do acidente. Como seu nome ainda constava na lista de passageiros e o celular estava desligado, familiares e amigos entraram em desespero. “Sentei no aeroporto e comecei a chorar. Em dois segundos, você repensa toda a sua vida”, disse.
“Fui ver era minha família inteira, era TV Centro América, Luzimar que é minha amiga e já minha mãe tinha falado com ela e ela viu que nome estava na lista ainda dos passageiros, então minha família inteira estava achando que eu tinha morrido”.
Quando ligou o aparelho viu que havia recebido cerca de 46 ligações da família, amigos e mesmo da TV Centro América. “Minha mãe tinha ligado para minha amiga Luzimar [Collares, jornalista da emissora], e ela viu meu nome na lista. Minha família inteira achava que eu tinha morrido”.
Um dia antes da viagem, a mãe de Sônia, dona Creuza, que também falou com reportagem na época, lembrou que sonhou que a filha sofria um acidente, mas reaparecia fortalecida. “Passei a noite toda sem dormir, preocupada. Cheguei no trabalho e comentei com as minhas colegas”, disse.
O episódio foi um divisor de águas na vida da empresária. À época com a agenda lotada por dois anos, Sônia decidiu desacelerar e mudar de rumo.
“Eu viajava demais, eu atendia o Brasil inteiro, empresas multinacionais e era de um lado para o outro”. Eu falei: ‘Não quero mais isso para mim’. Então esse dia que deu aquele baque”, contou.
Desde então, ela passou a atuar de forma remota, fundou uma nova empresa e se especializou em liderar equipes em home office, inclusive com atuação internacional. O projeto modificado depois da tragédia deu início a empresa lançada agora em 2025.
Durante toda a viagem, Sônia levava no bolso um pequeno terço dado por sua irmã. “Tenho um protetor muito forte”, resumiu no dia em que falou com os jornalistas no aeroporto.
O acidente aconteceu quando o avião da TAM ultrapassou a pista de Congonhas, invadiu a Avenida Washington Luís e bateu em um depósito de cargas da companhia aérea. Todos os 187 ocupantes morreram, além de outras 12 pessoas no solo.
Sônia Regina Guimarães
Reprodução
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