VÍDEO: Macaco-prego é flagrado bebendo cerveja no balneário municipal de Bonito


Macaco-prego é flagrado com lata de cerveja no balneário municiapl de Bonito
Um macaco-prego (Sapajus apella) foi flagrado com uma lata de cerveja no Balneário Municipal de Bonito (MS). O registro foi feito pelo turismólogo Victor Lopes nesta sexta-feira (25). Nas imagens é possível ver o momento em que o animal ingere a bebida alcoólica. (Veja vídeo acima)
Ao g1 o profissional disse que a cena aconteceu por volta das 15h e que o animal pegou a lata em uma lixeira. “As lixeiras não possuem tampas”, constatou.
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O g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Turismo de Bonito, responsável pelo atrativo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Consequências do álcool
O biólogo Milton Longo disse que essa não é a primeira vez que cenas do tipo acontecem no balneário municipal de Bonito e que já chegou a presenciar macacos consumindo cerveja e refrigerante.
“Isso é preocupante porque pode influenciar no comportamento deles também, os efeitos do álcool podem levar o animal a sofrer algum tipo de acidente, uma queda da árvore. Não é bonito!”, avalia o especialista.
Além de impactos no comportamento, o consumo de bebida alcoólica por animais silvestres pode acarretar em intoxicação, problemas no fígado e no sistema nervoso, conforme explica a bióloga Vanessa Guimarães, que atua no projeto Primatas PERDidos. Outro fator destacado pela especialista é que a ingestão desses líquidos pode deixar os animais agressivos.
“Isso pode fazer com que esses animais fiquem mais próximos aos humanos, aumentando o risco tanto de acidente quanto de conflito, já que esses animais estão mais vulneráveis. Além disso, quando os animais ingerem bebida alcoólica, eles vão ficar embriagados, por menos que seja a ingestão dessa bebida, porque eles não têm esse hábito”, destaca a bióloga.
Vanessa também explica que os macacos-pregos e outros animais silvestres podem se tornar dependentes da bebida alcoólica, o que compromete a alimentação dos animais. A bióloga também chama a atenção para os efeitos do álcool na fertilidade das fêmeas.
“Vamos supor, se uma fêmea ingere essa bebida alcoólica, uma fêmea grávida, ela pode afetar o desenvolvimento daquele filhote. Então, extremamente prejudicial, principalmente para espécies que já estão ameaçadas de extinção, que dependem de reproduzir para aumentar os riscos de sobrevivência da espécie”, avalia.
A bióloga também elenca outros problemas que são causados nos animais a partir do consumo de bebida alcoólica:
Ferimentos causados pelas latas e garrafas;
Transmissão de doenças como o vírus da herpes, passado ao animal através do contato dele com a lata. O vírus pode se espalhar entre o bando;
Perda de equilíbrio levando a quedas que podem causar a morte.
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Proteção ao animal
O turismólogo Victor Lopes, que registrou as imagens, disse que chamou a atenção o fato das lixeiras do balneário não possuítem tampa, o que facilita o acesso dos animais ao lixo depositado pelos turistas. Para a bióloga Vanessa Guimarães, o ideal é que o lixo seja retirado diariamente e que as lixeiras tenham tampa.
“Uma dica é a instalação de lixeiras fechadas ou a implementação de algum sistema que cada visitante tenha o seu saco de lixo, isso em relação aos turistas em parques. Então, cada turista tendo sua sacola de lixo e se responsabilizando por ela. Outra dica seria a posição de colocar as lixeiras posicionadas em locais fechados e protegidos, dificultando o acesso dos animais e contribuindo para a preservação do ecossistema”.
Além dessas medidas, a especialista destaca a importância da educação ambiental e orientação aos visitantes sobre a oferta de alimentos aos animais silvestres.
“Os primatas, por exemplo, eles são excelentes dispersores de semente, então eles possuem uma extrema importância para o ecossistema. Ao ele ingerir os frutos da mata e ao andar, se locomover, eles vão deixar aquela semente cair. Além disso, através das fezes também, as sementes, através das fezes, elas vão cair no solo e isso vai reflorestar áreas, então eles atuam aí como jardineiros da floresta.
🚫 Em Mato Grosso do Sul, alimentar animais silvestres é considerado crime ambiental segundo a Lei estadual nº 5.673, que entrou em vigor em 2021. A multa aplicada varia de R$1 mil a R$10 mil.
Macaco-prego foi flagrado com lata de cerveja em Bonito (MS).
Reprodução/Victor Lopes
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