
Febre do morango do amor tem explicação? Veja o que dizem especialistas
Sucesso nas redes sociais, o doce feito com morango, leite condensado e açúcar cristal tem gerado filas e transformado a rotina de confeitarias em várias cidades. Em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, teve estabelecimento que reduziu em 70% a produção convencional para atender à demanda.
Viral nas redes sociais, o “Morango do Amor” virou ouro para os comerciantes: elevou o preço da fruta, triplicou a procura no varejo e transformou o doce em carro-chefe das confeitarias. Enquanto isso, a tradicional maçã do amor perdeu espaço e hoje aparece mais como decoração.
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Febre do ‘morango do amor’ lota confeitarias em Divinópolis
Priscila Alves/Divulgação
Em Divinópolis, várias confeitarias mudaram totalmente a rotina para dar conta da clientela. A confeiteira Priscila Alves, que trabalha com doces há mais de 10 anos, se surpreendeu com o sucesso. Mesmo relutante a princípio, ela cedeu à pressão dos clientes.
“A primeira vez que fiz o morango do amor foi na segunda-feira passada. Um mês atrás, meu filho me mandou um vídeo, mas eu falei que não ia fazer, porque é bem trabalhoso”, contou.
Bastou um lote de teste, com cerca de 50 unidades, para tudo mudar. A produção esgotou em poucas horas. No dia seguinte, ela dobrou a quantidade, mas ainda assim não conseguiu atender toda a demanda. Desde então, a rotina da loja virou de cabeça para baixo.
“A gente praticamente pausou 70% da produção convencional pra focar nesse doce. Já começamos o dia com uma grande quantidade, e à tarde temos que repor. Mesmo assim, tem dia que não damos conta da demanda. A confeitaria está ficando lotada”, disse Priscila.
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Priscila Alves segura caixas de morango que chegam diariamente para dar conta da alta produção
Priscila Alves/Divulgação
Outra confeiteira que vive o mesmo cenário é Giuliana, que trabalha com doces há 30 anos em Divinópolis. Ela afirma que nunca viu algo parecido.
“Nem na Páscoa, nem no Natal eu tive essa procura. O que estou vivendo agora é algo que nunca aconteceu nesses 30 anos”, garantiu.
Giuliana produz em média 300 unidades por dia, todas vendidas rapidamente. O doce já fazia parte do cardápio antes da febre, mas o vídeo viral nas redes sociais mudou tudo. Atualmente, ela fatura cerca de R$ 4.200 por dia só com o Morango do Amor, vendido a R$ 14 cada.
A produção, no entanto, exige cuidado e tempo. Cada produção, com 30 unidades, leva cerca de uma hora para ficar pronta, incluindo o preparo do creme, a calda e a finalização com o açúcar cristal. Para dar conta, ela precisou rever os insumos, as embalagens e toda a rotina da cozinha.
O sucesso trouxe também um alerta: a escassez de morango. Giuliana compra há anos do mesmo fornecedor e foi avisada sobre a alta dos preços nas últimas semanas — e o risco de faltar a fruta.
“Já estamos vendo o preço subir bastante, mas o doce virou o carro-chefe. O que era só mais uma opção no cardápio, agora é o mais procurado”, destacou.
A confeiteira Carol Moraes também foi surpreendida pela alta procura. Ela contou que o faturamento da última semana cresceu cerca de 200% por causa do doce.
Atualmente, vende cerca de 70 unidades por dia e precisou adaptar a estrutura da confeitaria para atender à demanda, com mudanças na mão de obra, nas embalagens e no planejamento da produção. “É como uma segunda Páscoa”, comentou.
Faturamento de julho superou o da Páscoa
O impacto financeiro também chamou atenção da confeiteira Priscila. Julho, normalmente um mês mais tranquilo para o setor, teve faturamento recorde.
“A gente vem de datas como Dia das Mães, Namorados e Páscoa, que são muito boas pra nós. Mas julho normalmente é tranquilo. Só que com esse morango, o faturamento já ultrapassou a Páscoa”, afirmou Priscila.
Hoje, a produção diária gira em torno de 400 unidades, número que aumenta com a ajuda de freelancers. “O tanto que a gente conseguir fazer, vende. É uma demanda que não para”, comemorou.
Morango virou ‘ouro’
Morango do Amor – Divinópolis – Doce com brigadeiro de ninho e morango
Carol Moraes/Divulgação
A procura pelo morango fresco também disparou. O comerciante Weliton Ribeiro, que vende frutas no varejão, viu a demanda triplicar. “Antes, comprava 350 caixas de morango por semana. Agora, estou comprando 700 e vendo tudo”, relatou.
Segundo ele, a sorte é que o inverno coincide com a safra da fruta, o que evita, por enquanto, o risco de desabastecimento. Mas os preços subiram.
“A bandeja que era R$ 9,90 agora está R$ 14,99. Mesmo assim, não sobra nenhuma. A gente coloca na gôndola e acaba rápido”, afirmou.
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Maçã do amor virou só figurante
Como forma de ilustrar a mudança nas preferências dos clientes, Ana Luiza Santos, outra doceira da cidade, prepara apenas uma maçã do amor por dia — como decoração. Segundo ela, o doce tradicional perdeu completamente o protagonismo.
“A maçã do amor virou figurante. Hoje, o que todo mundo quer é o morango do amor”, brincou.
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