Flor do Maracujá: conheça a história da maior festa junina folclórica de Rondônia


A 41ª edição do arraial Flor do Maracujá começou ontem
O som do tambor ecoando nas quadras escolares, os passos ensaiados por meses e o brilho nos olhos de crianças e adultos marcam mais uma edição do Flor do Maracujá. A 41ª edição do arraial começou na sexta-feira (1º) e segue até 10 de agosto no Parque dos Tanques, em Porto Velho.
A história do arraial, no entanto, começa bem antes das arquibancadas lotadas e dos palcos grandiosos. Por volta de 1983, uma mulher chamada Maria de Nazaré, natural de Belém, mudou-se para Rondônia. Junto a grupos folclóricos de Porto Velho, ela criou um espaço para valorizar tradições amazônicas, como as quadrilhas juninas e os bois-bumbás.
O g1 conversou com Maria e montou uma recapitulação de como surgiu a maior festa junina de Rondônia.
De festa escolar à maior mostra de cultura popular
Nas décadas de 1970 e 1980, as festas juninas eram organizadas pelas escolas de Porto Velho. Depois, em agosto, era a vez dos grupos folclóricos se apresentarem na cidade. Com a criação oficial do Estado de Rondônia, em 1982, o evento ganhou força institucional: foi lançada a primeira Mostra de Quadrilhas e Bois-Bumbás, que ainda acontecia dentro do ambiente escolar.
“A escola Rio Branco foi a primeira com quadra coberta, e foi lá que fizemos o primeiro festival de folclore estadual. Antes, era tudo improvisado”, conta a professora.
Em 1983, nasceu o Arraial Flor do Maracujá. Com o tempo, virou um grande festival junino, reunindo danças, comidas típicas, parque de diversões, barracas e artesanatos. O nome do Arraial surge como homenagem à primeira quadrilha registrada em Porto Velho: a Flor do Maracujá.
Flor do Maracujá 2024.
Reprodução/Governo de Rondônia
LEIA MAIS:
Investigação revela esquema de fraude na venda de diplomas falsos em RO; alunos pagavam mais de R$ 10 mil para banca
Jiboia faz ‘visita’ a condomínio em Porto Velho
De quadra de areia ao Parque dos Tanques: a luta por estrutura
O primeiro Arraial Flor do Maracujá aconteceu em uma quadra de areia ao lado do Ginásio Cláudio Coutinho. Com apoio da comunidade e pequenos patrocínios, surgiram as primeiras barracas e a iluminação.
“Era tudo improvisado e feito com vontade. O apoio financeiro ia só para os grupos folclóricos. O resto vinha de doações e parcerias”, recorda Nazaré.
Entre 1983 e 1989, o Arraial Flor do Maracujá acontecia ao lado do Ginásio Cláudio Coutinho. Depois disso, passou por diferentes locais da cidade:
a área onde hoje funciona a Assembleia Legislativa;
o Parque dos Tanques (na parte baixa);
o bairro Costa e Silva, atualmente chamado de Imigrantes;
e até o centro Esperança da Comunidade, onde foi realizado durante a enchente de 2014.
Desde 2015, o festival voltou a ser realizado no Parque dos Tanques, agora na parte alta. Porém, o local ainda não é fixo nem estruturado, o que dificulta a organização do evento a cada edição.
“Hoje a estrutura é gigante. Precisa de arquibancadas, som, segurança, camarotes, banheiros químicos. É muito investimento. E tudo desmontado depois. A esperança é ter um espaço definitivo, que sirva também a outros eventos grandes de Rondônia”, desabafa a criadora.
Da participação ao espírito competitivo
Muito além da festa, a Flor do Maracujá representa um importante projeto social e educativo. Crianças só podem participar se estiverem na escola, e os ensaios começam cedo, ainda em março e abril.
“É um lugar para mostrar talento, disciplina e manter as crianças longe das ruas”, explica Nazaré.
Até 1989, apenas os bois-bumbás participavam de competições. As quadrilhas recebiam troféus simbólicos. A disputa ficou mais acirrada a partir de 1990, inspirada em grandes festas populares do país, como Campina Grande (PB) e Parintins (AM).
“Hoje cada grupo tem torcida organizada, fantasias complexas, coreografias ousadas. É uma superprodução”, diz.
“O que mantém a Flor do Maracujá viva é o povo”
O Arraial é resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Porto Velho, o Governo de Rondônia, patrocinadores e mais de 50 grupos folclóricos que se apresentam todos os anos.
Para Nazaré, manter e fortalecer o Arraial é essencial, porque ele representa o orgulho e a identidade cultural do povo rondoniense.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.