
Morte de menino é a primeira desde 2007 em Rio Preto, diz Secretaria de Saúde
A morte do menino de dez anos no domingo (3) após ser picado por um escorpião em um terreno em São José do Rio Preto (SP) é a primeira na cidade desde 2007, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
Kauã Hummel estava brincando em uma quadra no bairro Vila Toninho, na sexta-feira (1º), quando foi picado pelo animal. Ele foi enterrado na segunda-feira (4). A Secretaria de Saúde de Rio Preto informou que a causa da morte ainda está em investigação.
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Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que foram contabilizados 771 acidentes com escorpiões na cidade entre janeiro e junho deste ano, o que equivale a cerca de quatro acidentes por dia. Em comparação com 2024, quando foram registrados 451 casos no mesmo período, o aumento foi de 60%.
Em nota, a secretaria informou que não recebeu denúncias sobre escorpiões nas proximidades do local onde o menino foi picado, mas uma equipe da Vigilância Ambiental irá ao endereço para verificar a situação.
A vigilância atua no atendimento de denúncias recebidas pela Ouvidoria da Saúde, especialmente em imóveis com acúmulo de materiais ou condições propícias à proliferação desses animais.
Quando identificada a situação de risco, uma equipe técnica é enviada ao local para vistoria, orientação e encaminhamento das medidas de segurança.
A Prefeitura de Rio Preto ainda disse que vai fazer um mutirão de limpeza em toda a cidade, com foco no combate à dengue e a animais peçonhentos.
Menino de dez anos morre após ser picado por escorpião em Rio Preto (SP)
Stefanie Caroline Alves de Lima/Arquivo pessoal
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Ao g1, o doutor em zoologia Thiago Maia Davanso explicou que o escorpião mais comum na região noroeste de São Paulo é o amarelo. Nesse caso, os cuidados devem ser redobrados, uma vez que ele possui veneno tóxico.
Conforme Thiago, o aumento da quantidade de animais nas cidades se justifica pela expansão urbana para áreas ocupadas por matas, ambiente natural dos escorpiões. O segundo fator se dá pelo acúmulo de lixo e entulho, que servem de abrigo. Entenda mais abaixo.
Menino de dez anos morreu após ser picado por escorpião em Rio Preto (SP)
Rogério Pedrozo/TV TEM
Regime de chuvas
O aumento na proliferação desses animais pode estar relacionado às condições de temperatura e às chuvas.
O regime de chuvas do último trimestre também está maior em 2025, inclusive em Rio Preto, se comparado a 2024, o que causa o alagamento dos esconderijos naturais dos escorpiões, fazendo com que busquem outros locais nas áreas urbanas.
As chuvas também aumentam a proliferação de baratas e demais insetos, que são alimentos para os escorpiões. Estes fatores, em conjunto, desequilibram o ambiente, aumentando a ocorrência destes animais.
Toxina
Escorpião amarelo é o mais comum em Rio Preto
Reprodução/TV TEM
Thiago ainda reforça que crianças, idosos e pessoas com comorbidades são mais suscetíveis ao acidente fatal. “O que aconteceu com o Kauã é infelizmente comum. Quanto menor o indivíduo, maior a probabilidade de o acidente ser fatal”, comenta Thiago.
A quantidade inoculada da toxina também influencia diretamente na gravidade do acidente. Escorpiões jovens armazenam uma menor quantidade em relação aos adultos, porém inoculam o estoque quase por completo em uma picada, enquanto que os adultos acabam regulando esta quantidade.
Cuidados
Suspeita dos moradores é de que os escorpiões estejam em um terreno no bairro Vila Toninho em Rio Preto (SP)
Rogério Pedrozo/TV TEM
Estes animais não atacam. Na verdade, se defendem no esconderijo, o que pode resultar no acidente. Neste caso, os pais devem manter cuidado com a limpeza tanto da casa quanto do entorno.
Em casa, além da limpeza, Thiago recomenda verificar calçados e roupas antes de vestir e calçar, e evitar que a roupa de cama encoste no chão, pois os escorpiões podem utilizá-la para subir e se abrigar na cama.
O que fazer se encontrar o animal?
Escorpiões encontrados no bairro Vila Toninho em São José do Rio Preto (SP)
Rogério Pedrozo/TV TEM
De acordo com o especialista, os moradores não devem manusear o animal. Para a pessoa que encontrar um escorpião, o biólogo recomenda que acione as autoridades, que, com auxílio de uma pinça longa, vão conseguir colocar o animal em um frasco fechado.
O animal deve ser levado ao Centro de Controle de Zoonoses do município para identificação e observação das medidas a serem tomadas.
Não jogue veneno: isso deixa o animal ainda mais estressado e, caso seja uma fêmea, estimula a reprodução por partenogênese, que dispensa a figura do macho na fertilização;
Não tente matar com chinelo: o escorpião pode perfurar a sola e causar o acidente.
Thiago Maia Davanso, doutor em zoologia, em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
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