
Bujari decreta situação de emergência por conta da seca
Com o únicio reservatório em nível crítico, o município do Bujari, interior do Acre, decretou situação de emergência por conta da seca dos rios e a falta de chuvas. A prefeitura publicou o decreto nesta segunda-feira (11) no Diário Oficial do Estado (DOE).
O documento destaca que o regime de chuvas no estado, no 1º semestre do ano, foi inferior ao esperado, o que contribuiu para o cenário de seca no município. Conforme o prefeito João Edvaldo Teles de Lima, não há registro de chuvas significativas na cidade há 3 meses.
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Com a falta de chuvas, nível do reservatório municipal está em 3,20 metros, segundo a Defesa Civil do município. “O problema é que a gente tem que se prevenir, porque lá na frente a situação fica um pouco maior, aí você não tem quem ajude porque não decretamos. Ficamos 90 dias sem chuvas, agora deu um sereno, na sexta-feira [8]”, lamentou o prefeito.
De acordo com previsões meteorológicas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a escassez de chuvas deve continuar pelos próximos 90 dias, o que pode agravar ainda mais o abastecimento e as condições ambientais na região.
O período de maio a novembro, conforme as previsões, costuma registrar pouca chuva e temperaturas elevadas, mas em 2025 o cenário se agravou. A seca já compromete a captação de água e obriga o uso de caminhões-pipa em comunidades onde igarapés e poços secaram.
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A prefeitura também alerta para o aumento do número de queimadas e incêndios florestais, que elevam a concentração de fumaça e poluentes no ar, trazendo riscos à saúde, principalmente para idosos e crianças.
“Agora é que vamos ter problema. Estamos em agosto, depois vem setembro e outubro, meses mais secos. Só temos um reservatório, que é o açude e já estamos mandando água para a zona rural”, complementou.
Reservatório de água de Bujari, interior do Acre
Arquivo/foto cedida
Sala de Situação
Para monitorar e coordenar as ações emergenciais, a prefeitura criou uma Sala de Situação, ainda em fase inicial de implantação.
Segundo o coordenador da Defesa Civil do Bujari, Francisco Cleudenir da Silva, o foco está voltado para a organização dos protocolos e para implementação de ferramentas de monitoramento em tempo real.
”Ainda em fase de implementação, a Sala de Situação mantém contato direto com a Defesa Civil do Estado, e busca apoio para acompanhar os eventos críticos e a emissão de alertas à população”, disse.
Com a medida, órgãos responsáveis por ações de abastecimento serão mobilizados para combater e agir diante dos impactos da seca.
Abastecimento
Apesar de o nível do reservatório municipal marcar 3,20 metros, o coordenador Cleudenir afirma que o risco de secar totalmente é baixo e que teve uma pequena chuva registrada na última sexta-feira (8).
”Porém, não foi suficiente para alterar a situação do reservatório, foi bem pouca. Mas, também é bem difícil de o reservatório secar completamente”, acredita.
Para garantir o abastecimento de água, um caminhão-pipa faz entregas regulares em comunidades e pontos estratégicos do município.
Entre as localidades atendidas estão: Assentamento Walter Arce, Projeto de Assentamento Antônio de Holanda, Comunidade Espinhara, Linha Nova e a Escola José Cesário de Farias, locais que costumam ficar sem água durante o período de seca.
A equipe fez visitas duas vezes na última semana nesses pontos e está preparada para ampliar o atendimento conforme a demanda aumenta.
A Defesa Civil Municipal informa ainda que mantém um mapeamento constante para identificar novas áreas que possam precisar do serviço de abastecimento.
Imagem mostra como ficou o reservatório de água no Bujari em 2017
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Seca severa
A cidade de Bujari passou por uma das piores crises hídricas durante a estiagem de 2017. Ao todo, oito carros-pipa foram usados para abastecer a cidade de forma emergencial.
A medida foi tomada em setembro do mesmo ano porque o reservatório da cidade não possuía mais água suficiente para atender a população de 9.684 habitantes da época.
Os caminhões eram abastecidos na Estação de Tratamento de Água de Rio Branco (ETA 2) e cada um tinha capacidade de levar 20 mil litros. O percurso até a cidade era de 22 km.
Situação de emergência
Ainda em outubro de 2017, o Ministério da Integração Nacional autorizou o repasse de R$ 420 mil para garantir o abastecimento em cidades que enfrentam a estiagem no Acre desde agosto do mesmo ano.
O valor foi usado para amenizar as consequências da seca no estado e aplicado para abastecer a população por meio de carros-pipa em bairros de Rio Branco, Brasileia e Porto Acre.
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