
Em meio às tarifas dos EUA, Lula conversa com Xi Jinping
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o líder chinês Xi Jinping nesta segunda-feira (11) em meio ao tarifaço dos Estados Unidos imposto pelo presidente americano Donald Trump. A realização da ligação foi confirmada pelo Planalto.
De acordo com fontes do governo, a conversa, feita a pedido de Lula, também tratou das relações bilaterais entre os países e a conjuntura geopolítica internacional.
Em nota, o governo informou que a ligação durou cerca de uma hora e que os dois países “concordaram sobre o papel do G20 e do BRICS na defesa do multilateralismo”. Quando o governo americano aumentou tarifas de importação de mercadorias nacionais, o Planalto classificou a medida como unilateral.
“Os chefes de Estado também conversaram sobre a parceria estratégica bilateral. Nesse contexto, saudaram os avanços já alcançados no âmbito das sinergias entre os programas nacionais de desenvolvimento dos dois países e comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”, afirmou o documento.
Segundo a mídia estatal chinesa, Xi disse a Lula que os dois países poderiam dar um exemplo de “autossuficiência” em uma ligação telefônica na terça-feira, segundo informou a mídia estatal. Ele também declarou que “todos os países devem se unir e se opor firmemente ao unilateralismo e ao protecionismo”, relatou a Xinhua.
Mais tarde, o presidente brasileiro foi às redes sociais para comentar a ligação.
“Reiterei a importância que a China terá para o sucesso da COP 30 e no combate à mudança do clima. O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”, diz a postagem.
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A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo o MDIC, entre janeiro e julho deste ano as exportações para a China superaram os US$ 57,6 bilhões — cerca de R$ 313 bilhões. Já as importações somaram US$ 41,7 bilhões — cerca de R$ 227 bilhões.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, cumprimentam-se cerimônia no Palácio do Povo, em Pequim, no dia 13 de maio de 2025
Ricardo Stuckert/Presidência da República
Também nesta segunda (11), Lula afirmou nesta segunda-feira (11) que o Brasil precisa manter sua soberania e sonhar grande diante de um cenário internacional cada vez mais hostil. As declarações foram feitas durante a entrega de um prêmio da área de educação, no Palácio do Planalto.
“Este país está precisando de todos nós, porque o mundo está ficando mais perverso. O mundo está ficando mais nervoso, e nós precisamos de um país soberano, democrático, e que o povo brasileiro seja o único dono deste país”
Medidas de reciprocidade
Assim que lançar o plano de ajuda econômica em resposta ao tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, o governo quer iniciar o debate sobre medidas de reciprocidade. A informação foi publicada pela jornalista Ana Flor, da GloboNews.
O tema é considerado polêmico porque empresários brasileiros temem que a aplicação da Lei de Reciprocidade possa encarecer produtos importados dos EUA ou gerar outros impactos negativos na economia. Além disso, integrantes de setores econômicos avaliam que o uso da lei poderia sinalizar uma saída da mesa de negociação para tentar reverter as tarifas impostas nos últimos meses.
Segundo fontes do governo, Lula pediu aos ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Fazenda a análise de medidas pontuais de reciprocidade. A orientação, segundo integrantes dessas pastas, não é adotar ações amplas, mas medidas específicas.
Resposta a tarifaço tratará de financiamento, impostos e compras públicas, diz Haddad