
Presidentes Donald Trump e Vladimir Putin se cumprimentam no início de encontro em Helsinque, na Finlândia, nesta segunda-feira (16)
Kevin Lamarque/ Reuters
Os presidentes dos EUA e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, voltam a ficar cara a cara nesta sexta-feira (15) em um encontro com potencial de delinear um aguardado cessar-fogo para o conflito entre Moscou e Kiev.
A reunião, que ocorre a partir das 16h30 pelo horário de Brasília em uma base militar do Alasca que já foi usada para espionagem à ex-União Soviética.
Embora tenham trocado críticas e ameaças nos últimos meses, tanto Trump como Putin sinalizaram, na véspera da reunião, estar esperançosos de que será um bom encontro. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não irá participar.
Confira os detalhes do encontro:
Local
A reunião ocorrerá em Anchorage, a maior cidade do Alasca, na Base Conjunta Elmendorf-Richardson. A instalação atual foi criada oficialmente em 2010 a partir da fusão da Base Aérea de Elmendorf e do Forte Richardson do Exército.
Curiosamente, o local teve uma importância estratégica durante a Guerra Fria, período de tensão entre os EUA e a então União Soviética ao longo do século 20.
Ao longo de sua história, a base abrigou um grande número de aeronaves e foi o centro de operações de diversos radares destinados a detectar atividades militares soviéticas e possíveis lançamentos nucleares.
Caça é visto atrás da grade que delimita a Base Conjunta Elmendorf-Richardson em Anchorage, no Alasca
Drew Angerer/AFP
Agenda
O evento está programado para começar às 16h30 no horário de Brasília, ou 11h30 no horário local.
De início, apenas Donald Trump e Vladimir Putin se reunirão em uma sala fechada, acompanhados apenas por seus intérpretes. Eles devem conversar por cerca de uma hora.
Em seguida, suas comitivas, formadas por ministros e secretários de peso, serão autorizadas a entrar para compor a mesa de negociações.
Depois disso, os dois líderes darão uma entrevista coletiva à imprensa para revelar os detalhes do encontro.
Objetivos
A esperança é que, na coletiva, seja apresentada uma proposta de cessar-fogo e encerramento das hostilidades entre Ucrânia e Rússia, em confronto armado direto desde a invasão do território ucraniano por tropas russas, em fevereiro de 2022.
A ausência de Volodymyr Zelensky no encontro desta sexta, porém, justifica os temores de Kiev e da comunidade internacional de que a proposta imponha termos desfavoráveis à Ucrânia.
Na quarta (13), Zelensky e seus aliados europeus realizaram uma reunião por videoconferência com Trump para deixar claro que não aceitará um acordo favorável a Moscou.
Expectativa
Na véspera do encontro, Putin elogiou os “esforços sinceros” de Washington para solucionar a guerra na Ucrânia e disse achar que o cara a cara com Trump pode selar a “paz mundial”. Mas ponderou que isso só ocorrerá caso haja um acordo para restringir o uso de armas estratégicas, incluindo as nucleares, já sugerindo uma tentativa de barganhar algo em troca de um cessar-fogo na Ucrânia.
Trump também enviou mensagens dúbias nos últimos dias: se mostrou esperançoso e disse que “acho que ele (Putin) fará um acordo”, mas admitiu que “nada está garantido. Será como uma partida de xadrez”. E, mesmo munido de autoconfiança como negociador, o líder norte-americano e seu governo foram baixando as expectativas ao longo dos últimos dias.
Ele afirmou ter calculado em 25% as chances de o encontro “terminar mal” e já fala na necessidade de uma segunda reunião com o mandatário russo antes mesmo da a primeira acontecer. Seu secretário de Estado, Marco Rubio, também afirmou que, embora esperançoso, “em última instância, caberá à Ucrânia e à Rússia concordar pela paz”.
Territórios
Animação mostra local que sediará encontro entre Trump e Putin no Alasca
Uma certeza que ambos os lados apontam é que o debate pelas regiões ucranianas atualmente ocupados por tropas russas será o ponto central das negociações. Segundo o Instituto para o Estado da Guerra (ISW, na sigla em inglês), Moscou controla militarmente cerca de 20% de todo o território ucraniano.
E nenhum dos lados sinalizou querer abrir mão dessas regiões.
No início ano, quando Trump ensaiva uma aproximação com Putin, os EUA já chegaram a mencionar que a única solução para o fim da guerra que já dura três anos e meio, a Ucrânia teria de abdicar desse território.
Depois, voltou atrás e disse que negociaria essas áreas com o Kremlin. Nesta semana, Zelensky, voltou a bater o pé e disse que não quer nem pode ceder as áreas ocupadas.
Trump, em um acenos para os europeus, disse que um eventual segundo encontro no Alasca pode ter a presença do presidente ucraniano.
Entenda a ocupação russa na Ucrânia
Arte/g1