
Presidente da Alepe acusa assessor de Raquel Lyra de montar ‘milícia digital’
O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), fez um pronunciamento nesta quarta-feira (20) para falar sobre a suposta “milícia digital” formada por funcionários do governo do estado.
No discurso proferido no plenário da Casa, no Centro do Recife, o deputado estadual acusou um assessor da governadora Raquel Lyra (PSD) de organizar o que chamou de “gabinete do ódio” para espalhar denúncias contra adversários da gestora (veja vídeo acima).
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
Segundo o presidente da Alepe, o servidor Manoel Pires Medeiros Neto, que é assessor especial do gabinete da governadora, seria o possível responsável por uma denúncia anônima contra a deputada Dani Portela (PSOL), por, supostamente, ter contratado uma empresa fantasma de um parente para prestar serviços de automatização de dados ao seu gabinete na Assembleia.
O g1 entrou em contato com o governo de Pernambuco, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.
“A Casa Civil, pelo que se desenha, é apenas um braço da rede. A cabeça, senhoras e senhores, pasmem — mas pasmem mesmo — está montada no gabinete da governadora. A milícia digital palaciana vem sendo operada pelo assessor do Gabinete Manoel Pires Medeiros Neto”, disse.
Dani Portela também é autora do requerimento que pediu a abertura da CPI da Publicidade. A Comissão Parlamentar de Inquérito foi instaurada na terça-feira (19) para investigar supostas irregularidades em contratos do governo com agências de comunicação. A comissão foi instaurada na terça-feira (20), após discussão acalorada entre oposição e apoiadores do governo.
No pronunciamento, Álvaro Porto disse que o “gabinete do ódio” foi descoberto durante uma investigação da Superintendência de Inteligência Legislativa (Suint). Segundo o presidente da Casa, a denúncia contra Dani Portela foi “preparada” por Manoel Medeiros em uma “lan house” localizada num shopping na Zona Sul da cidade.
“O tal ‘gabinete do ódio’ parece ser, para a nossa surpresa, exatamente o gabinete da governadora. O ineditismo desta situação dentro da história do estado é lamentável e vergonhoso. De acordo com as investigações da Suint, no dia 9 deste mês, Manoel usou uma ‘lan house’ no Shopping RioMar para preparar o pendrive com o material contra Dani”, disse durante a plenária.
Além de Manoel, o presidente da Alepe citou o envolvimento de uma prima dele no “gabinete do ódio”.
“Naquela denúncia, Manoel e uma prima, a advogada Manoela Álvarez Medeiros, são acusados de atuar num esquema de obtenção irregular de informações para depreciar oponentes do governo. Ela estaria acessando processos do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, mediante uso indevido de credenciais de terceiros, e repassando informações a Manoel”, informou.
O deputado informou também que todas as provas e documentos levantados pela Suint serão disponibilizados para os deputados, para a CPI da Publicidade e para a Justiça.
Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe)
Reprodução/TV Alepe
Deputada denunciou ataques
Em entrevista após o pronunciamento, a deputada Dani Portela disse que a investigação da Suint começou a partir de uma denúncia que ela protocolou, em abril. O órgão, de acordo com a parlamentar, funciona como uma delegacia dentro da Alepe e investiga casos de crimes contra deputados.
“No ano passado, eu recebi ataques nas redes sociais. Vários deputados já receberam ameaça por e-mails dessa delegacia. Ela acompanha esses procedimentos. Em abril, eu procurei essa delegacia quando eu percebi que essa rede de ódio vinha me atacando sistematicamente e isso foi escalonando”, afirmou.
A deputada disse, ainda, que as acusações de ter contratado uma empresa fantasma em seu próprio gabinete são “completamente falsas”.
“Essa denúncia não tinha nenhuma consistência. Ela tinha uma razão, criar um fato político de como eu estava denunciando a possibilidade de irregularidades envolvendo um contrato bilionário de 1 bilhão e 200 milhões que envolviam indícios de irregularidade e parentes próximos à governadora do Estado. Essa denúncia quis me devolver na mesma moeda”, disse.
Dani Portela disse também que a suposta “empresa fantasma” não pertence a nenhum parente próximo dela.
“É uma pessoa contratada no meu gabinete que é o marido da irmã da mãe do meu companheiro. É parente em quarto grau dele, não há nenhuma vedação, não há nenhuma irregularidade, não existe empresa fantasma. É um funcionário que dá cotidianamente expediente na Alepe, que sequer é parente meu, trabalha conosco desde o início do mandato, cumprindo seus afazeres, suas tarefas, com muita transparência e verdade”, declarou.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias