
Tucano-toco com má formação no bico surpreende ao se adaptar na natureza
Encontrar um tucano-toco (Ramphastos toco) com má formação no bico não é algo comum, pelo menos não aos olhos de veterinários, biólogos e observadores de aves. Essa condição até pode ocorrer com frequência, mas muitas vezes os indivíduos não sobrevivem, já que o bico é essencial para a alimentação e outras atividades diárias.
O registro foi feito pela estudante Luana Paixão de Souza e sua irmã gêmea Laís Paixão de Souza em Cachoeira de Minas (MG), no início de julho. As duas são moradoras de Itapira (SP).
“Fomos até Cachoeira de Minas (MG) porque minha mãe estava com gripe e precisou ir no médico. Enquanto ela estava no médico, eu, minha irmã e meu pai ficamos na praça da Igreja Matriz de São João Batista e vimos o tucano que estava com o bico torto”, conta ela.
Tucano com bico torto registrado em Cachoeira de Minas (MG)
Luana Paixão de Souza e Laís Paixão de Souza
O problema no bico pode ter origem congênita, quando a ave já nasce com a deformidade, ou ser resultado de uma fratura sofrida ainda nos primeiros meses de vida, alterando a angulação da parte superior (rinoteca) e inferior (gnatoteca) do bico. Nesses casos, muitos animais não conseguem se alimentar adequadamente e acabam morrendo antes de atingir a vida adulta.
O tucano registrado, no entanto, chama atenção justamente por ter conseguido se adaptar. “Não vai ser tudo que os outros comem que ele vai conseguir comer, porque a apreensão do alimento fica prejudicada. Mas, aparentemente, ele encontrou formas de se virar e sobreviver”, explica o médico veterinário Breno Martins Jancowski, fundador
Espécie emblemática
Conhecido popularmente como tucano-toco ou tucanuçu, o Ramphastos toco é o maior representante da família dos ramfastídeos. A espécie ocorre em quase todo o Brasil – em biomas como Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa – além de outros países da América do Sul, como Bolívia, Paraguai e Argentina.
Com seu enorme bico alaranjado, que pode representar até um terço do comprimento do corpo, o tucano-toco se alimenta principalmente de frutos, mas também pode consumir insetos, ovos e até filhotes de outras aves.
Apesar de sofrer pressão do tráfico ilegal de animais silvestres, a espécie é considerada de “Menos Preocupante” quanto ao risco de extinção, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Adaptação e resiliência
Casos como o desse tucano reforçam a capacidade de adaptação e resiliência da fauna silvestre, mesmo diante de desafios físicos que poderiam limitar sua sobrevivência.
“É raro observar um animal com esse tipo de má formação chegar à fase adulta. Esse indivíduo especificamente parece que conseguiu se adaptar, mas não vai ser tudo que os outros comem que ele vai conseguir comer, ele vai ter uma dificuldade”, destaca o especialista.
“Me senti surpresa, achei fascinante e muito diferente. Eu também fiquei pensando se ele conseguiria ter uma vida normal com o bico daquele jeito. Ele conseguia comer aquele coquinho normalmente”, comenta a observadora que fez o registro.
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