Mãe descobre que filhas eram obrigadas a produzir vídeos de conteúdo sexual após pai e madrasta enviarem imagens à patroa de uma delas no PR


Mensagens que suspeitos enviavam às adolescentes.
Divulgação/RPC
A mãe das adolescentes de 14 e 16 anos que foram obrigadas pelo pai e a madrasta a produzir vídeos de conteúdo sexual, relatou que viu as primeiras imagens após os suspeitos enviarem para a patroa dela. O esquema usava linguagem de “seita” para coagir as vítimas, segundo o delegado da Polícia Civil do Paraná (PC-PR), Gabriel Fontana. Veja mensagens acima.
Ao g1, a mulher contou que a filha mais velha trabalhava com ela e, em determinado dia, o pai enviou conteúdos das adolescentes para a patroa delas.
“Comecei a ficar desesperada, porque ele estava ameaçando colocá-las dentro de um carro e levá-las embora. Ele usava perfil falso, falando que se elas não mandassem os conteúdos, ia mandar pra toda família […] Acabou com a vida delas”, contou.
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Por conta disso, a filha perdeu o emprego.
Antes de assistir aos vídeos, a mãe disse que recebeu ameaças por aplicativos de mensagens, enviadas de números desconhecidos, acusando-a de não cuidar bem das filhas.
Preocupada, ela pegou o celular da filha mais nova e viu que a jovem recebia ameaças diárias.
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A Polícia Civil confirmou que o pai continua foragido. A madrasta foi presa na última quinta-feira (21), em Curitiba. No mesmo dia, uma segunda mulher também foi detida em Cerro Azul, na região metropolitana da capital. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados para proteger a identidade das vítimas.
A segunda mulher foi presa por ligação com números de telefone usados para solicitar e divulgar as imagens. As duas mulheres foram levadas à delegacia de Rio Branco do Sul para depoimento.
Os investigados respondem por coação, divulgação e armazenamento de imagens de exploração sexual infantojuvenil, associação criminosa e ameaça.
Conversas em tons de “seita”
As conversas obtidas com exclusividade pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, expõem como os suspeitos faziam cobranças constantes, utilizando mensagens com tons de misticismo e ameaças para garantir o envio dos conteúdos diariamente até as 22h. Em alguns trechos, os suspeitos determinavam que as meninas tinham apenas uma hora para concluir o “acordo diário”.
“Por favor, não hesite em errar de novo, ou novamente para que se apaguem todas as suas oportunidades, ok? Seja esperta e não faça por errar para que tenhas que ser punida sem chance de volta […] Você tem apenas uma hora a partir de agora para concluir seu acordo diário, ok? Não perca tempo e mais esta oportunidade de redenção”, escreveram.
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Mensagens que suspeitos enviavam às adolescentes
Divulgação/RPC
Mãe denunciou o crime
Segundo o delegado, em outubro de 2024, durante um passeio em um parque de Curitiba, o pai vendou as adolescentes e as levou para a casa dele. Com ajuda da atual esposa, ele gravou os primeiros vídeos de conteúdo sexual das vítimas.
Após isso, o homem passou a chantagear constantemente as jovens, estipulando metas diárias de até dez vídeos por dia, com prazo de entrega até as 22h. Os suspeitos ameaçavam divulgar amplamente as imagens, caso as vítimas não cumprissem com os prazos, segundo o delegado.
“Fato esse que inclusive aconteceu em um determinado momento. As meninas não encaminharam esse conteúdo que havia sido estipulado e houve a divulgação de vídeos dessas meninas por meio das redes sociais”, disse o delegado.
O caso foi denunciado em fevereiro deste ano, quando a mãe das vítimas recebeu ameaças de divulgação de vídeos de conteúdo sexual das filhas. As mensagens eram enviadas pelo suspeito.
Além do pai, a madrasta e outra mulher participavam das ameaças e se revezavam no envio das mensagens às garotas.
Agora, a mãe relata que a filha mais velha não quer mais ir à escola por conta da exposição e do bullying.
“Elas já são bem traumatizadas em relação a essas coisas. A mais velha estava trabalhando e foi mandada embora. Foram coisas muito impactantes, né?”, explicou.
Investigação
Durante as diligências, os agentes apreenderam celulares e computadores e encontraram provas de conversas entre o pai e a madrasta, além de registros de números de telefone com DDD do Amazonas.
A polícia trabalha com a hipótese de que o material produzido era comercializado em redes criminosas especializadas nesse tipo de conteúdo.
A polícia continua investigando o caso, tenta localizar o pai e verifica se há mais pessoas envolvidas no crime.
Delegacia de Rio Branco do Sul
Elessandra Amaral/RPC
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