
Deputados da Alerj ocultam dados em notas de gastos com carros oficiais
Deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) estão ocultando informações essenciais para a fiscalização dos gastos dos parlamentares, como placas e modelos dos veículos alugados com verba pública.
Cada deputado estadual tem direito a uma verba de gabinete de R$ 31.165,33 por mês. Um dos denunciados é Giovanni Ratinho, do Solidariedade.
Uma reportagem do RJ1 revelou que ele alugou dois veículos por R$ 23 mil para utilizar os veículos, destinados a atividades parlamentares, em tarefas rurais numa fazenda particular.
Valor mensal para uso nos gabinetes dos deputados da Alerj
Reprodução/TV Globo
O valor de aluguel dos veículos pode variar. A deputada Giselle Monteiro (PL) aluga um veículo por R$ 15 mil mensais. Guilherme Delaroli, do mesmo partido, paga R$ 16 mil. Já Rosenverg Reis (MDB) desembolsa R$ 19.500 por um carro seminovo. O mesmo modelo é usado por Ratinho.
A Alerj, questionada sobre o uso dos veículos, afirmou apenas que as notas estão disponíveis no Portal da Transparência, e que a prestação de contas é auditável pela sociedade. No entanto, a falta de informações detalhadas nas notas fiscais torna essa auditoria praticamente inviável.
Entre os que também alugam veículos e ocultam dados como placas de veículos, estão:
Rodrigo Bacellar Volkswagen sedan blindado R$ 10.000
Rafael Nobre Dois carros blindados (sem marca) R$ 20.000
Valdecir da Saúde Três veículos (sem identificação) R$ 20.700
Dani Balbi Não especificado R$ 13.000
Renata Souza Dois veículos (sem modelo) R$ 3.000 + R$ 12.000
Vinicius Cozollino SUV e sedan blindados R$ 16.500
Franciane Motta | Dois Jeeps (placas omitidas) R$ 19.500
Para a ONG Transparência Brasil, a omissão de dados compromete o controle social.
“É dever da Assembleia Legislativa fiscalizar na hora em que são apresentadas as notas fiscais, verificar se a legalidade do gasto está posta e também tomar providências ao ser notificada ou tomar conhecimento do uso irregular dessa verba e desses veículos”, afirmou Marina Atoji, diretora de programas do Transparência Brasil.
” Se eu não tenho informação completa do modelo do carro, da placa do carro, do tipo de carro utilizado, eu não tenho como verificar na prática se os carros estão sendo usados para fins legais ou para fins do exercício do mandato, com interesse público ou não. Não adianta ter uma transparência incompleta ou uma transparência meramente decorativa”, pontuou.
Notas
Vinícius Cozzolino: a placa é resguardada por segurança, e que encaminha outra nota para a Alerj em caráter reservado.
Guilherme Delaroli e Rafael Nobre: Motivos de segurança.
Renata Souza: A deputada citou a questão de segurança e disse que a ocultação dessas informações é uma orientação da própria Alerj.
Procurado, Rodrigo Bacellar foi questionado a respeito do assunto. À Alerj, também foi pedida uma nota oficial. Nenhuma resposta foi enviada à TV Globo até a publicação desta reportagem.